Tempo;

Faz tempo que desejo sair desta cela. Deste zoológico, cheio de bichos estranhos, onde sou contemplado como fraco, por esta gente que me limita o vôo. Sei não. Faz tempo que eu gostaria de sair desta terra, desta cidade estranha onde ninguém me conhecesse - julgasse - onde os meus próprios pensamentos não servissem de pedras a estes estranhos que insistem em tanto me machucar. Queria tanto não mais chorar. Queria tanto me libertar. Me ver livre desta gente que me leva por interesses, faltas, aparências. Me ver leve, sem ser tomado por amigo de beltrano, filho do sicrano, mais feio que o fulano. Gostaria de ser eu - eu, simplesmente eu, com meus versos, jeitos, trejeitos, faltas, desejos. Eu, gostaria de viver o meu ‘eu’, nesta vida que tanto deixa de ser minha nesta terra. Gostaria tanto de experimentar os meus desejos, aprender com estes erros - aprender por mim mesmo - para descobrir o que tanto sonhei, realizar o que tanto rezei, descobrir ao fim desta rima quem realmente sou. Aceito as lágrimas, aceito as faltas, as quedas, as feridas. Aceito as penas, aceito a vida. Mas aceitem, peço tanto baixo um lugar que me aceitem… Uma única oportunidade para descobrir se valho o que esta minha mente tanto sonhou.