segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sentido;

Sentia uma espécie de carinho descompromissado por ela - aquele carinho que aparece para confundir a cabeça quando tudo parece estar nos eixos -, misturado a um sentimento ainda sem nome que trazia calafrios estranhos e bons ao meu coração. Passei a encontrá-la em meus sonhos. A princípio, não passava de uma coadjuvante em uma sala repleta daquelas pessoas que passam por mim na rua, mas jamais presto atenção. Depois, tornou-se figura essencial na narrativa que acontecia todas as noites no silêncio do meu quarto. O cenário era variado, parques, praças - até mesmo uma casa desconhecida criada pela minha mente fértil, mas que torcia para ser um presságio sobre nosso futuro. E assim seguíamos todas as noites em encontros tão secretos que apenas eu sabia do ocorrido.
A sensação desconhecida crescia a cada sonho que eu tinha - seja dormindo ou acordado. Passei a encontrá-la também nas canções. Sentia sua presença em cada melodia e palavra que entrava por meus ouvidos. Logo, canções se tornaram desnecessárias, seu rosto me acompanhava em cada pulsar de meu coração. Junto com o tempo, veio a grande revelação. O que sentia, afinal, era o tal do amor. Aquele que rasga, desgasta e regenera cada segundo de minha vida. Mas aquele amor não era comum - apesar de ser comum. Era o amor não correspondido. Ou melhor, era um amor que não sabia se era correspondido. A covardia me impedia de tirar essa dúvida que vaga insistentemente em minha cabeça. Escrevia sobre ela enquanto tentava decifrá-la e entender como era possível uma palavra vinda de outra pessoa modificar completamente todas as certezas que a vida me dera. A verdade é que amar sozinho dói menos. Não existem planos frustrados, pois não foram feitas promessas. Não existem lágrimas, pois não nasceram sorrisos. Meu coração está intacto, pois você desconhece esse amor. E assim seguimos nessa trajetória eterna. Você inocente, e eu inteiro.

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